De pequenote (não é que alguma vez tenha sido grandote...) que me lembro-me de fogos em Pescanseco (*) ou nas suas periferias. Mas, como este e causando o incrível estado de devastação e de absoluta nudez que agora se verificou na paisagem, francamente, não me recordo e penso mesmo que nunca terá acontecido.
Das outras vezes, o natural e exuberante vestido verde, envolvente dos Pescansecos, podia ficar mais ou menos “rasgado", mas nunca como desta vez em que mostrou a absoluta e brutal nudez da terra.
Escrevi, aqui há uns tempos (em princípio para integrar o meu próximo livro), um poema que, com um fraterno abraço, a todos deixo, duma forma especial, aos que, desgraçadamente, perderam o seu património e, sobretudo, parte das suas memórias.
Que esta terra, agora despida, cubra então a sua nudez e, de novo, se vista com o seu lindo traje verde e que, à sombra dos pinheiros e das giestas, volte a dançar de roda em roda com a roda da sua saia, num qualquer vespertino bailarico, ali, junto à fonte e ao coração das moças.
(*) Conjunto de três pequenas aldeias - Pescanseco Fundeiro, do Meio e Cimeiro, do Concelho de Pampilhosa da Serra, Beira Baixa.