segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Poema XVII ”Anjas”

Poema XVII / XXIV para mais 12 das sublimes”Anjas”, desenhos do escultor Francisco Simões, meu prezado e fraterno amigo a quem agradeço e abraço.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

terça-feira, 15 de novembro de 2016

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Ao Max (Maximino Teixeira) Amigo feito na guerra

Ao Max (Maximino Teixeira) Amigo feito na guerra



Agora
que o destino se cumpriu
e as batalhas se tombaram no ocaso
vou jogando na cidade
um a um os meus sonhos acabados
e os delírios da febre colorida
das terras distantes
em que passei
como se por lá nunca tivesse estado.
Mas estive.
Estive e conto
e não paro os sonhos acabados
que jogo um a um.
Nesta cidade é viver
esperar que devagar se cumpra
talvez a própria cidade, quem sabe?

Lembras-te, Max,
quando me falavas dos stocks,
da fábrica — era a Riopele, não era? 
e do lugar à tua espera
guardado para ti, na volta.
Mas tu não sabias bem das coisas
do regresso.
Ninguém sabia, Max.
“Se voltar, é para lá que volto”, dizias.
Tu não falavas de cidades,
nem dos delírios urbanos e impessoais
nem das coisas que eu conhecia melhor.
Falavas-me de fábricas e operários
e de pequenas terras
para mim perdidas lá pelo desconhecido norte.
E tinhas a pronúncia e o verbo cantado
ao som dos bês pelos vês.
E eu era um puto da cidade
e tu já homem feito
amassado pela vida.
Lembras-te, Max?
Lembras-te, no mato?
Tinhas tantos dias já no pêlo
e muitas rações no buxo
e, daquela vez ardias em febre.
Estoiraste daquela vez!
Como tu choravas
agarrado ao helicóptero.
lembras-te Max?
—Era a tua alma não as tuas mãos —
Como tu choravas  a angústia
e tu eras duro como rocha
e ali, eu vi um homem partir o medo
sem quebrar a alma.
Há coisas bem terríveis
que a gente não esquece, Max.
Foi um homem o que eu vi em ti
ali agarrado às forças todas
das forças do limite de ti mesmo
que o mesmo é dizer:
Um homem ancorado na coragem.

Há muito tempo que escrevia
aos poucos, devagar, este poema
e aos poucos cada pedaço ia surgindo,
amadurecendo na árvore serena
da amizade que tanto nos unia.
Hoje, a tua Maria do Rosário
— a Mariana como carinhosamente
lhe gostavas de chamar —
deu-me a notícia e eu parei.
E senti que me parava o mundo todo.
Eras o melhor de nós, Max.
És o melhor de nós.
Espera-me, talvez na parada,
perfilados diante das nossas amizades.
Descansa agora.
Um beijo terno.



-->
António F. Martins