Em "Poemas acerca de tudo", é mesmo de tudo e sobre tudo que escrevo. Os "Poemas da guerra" são da guerra. A que fiz e a que ficou em mim. "Escrevendo e desenhando por Lisboa" e "Escrevendo e desenhando pelo Porto", é a minha poesia escrita sobre os traços dos meus desenhos das cidades e das gentes das cidades. É esta a poesia que aqui partilho. A minha poesia. Nada mais que escrita, escrita no perto da alma e no longe do olhar. A minha poesia e o meu olhar.
sábado, 26 de dezembro de 2015
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
Só há um rio em mim, meu amor (poemas do mar)
Só
há um rio em mim, meu amor
(poemas
do mar)
Só
há um rio
em
mim
meu
amor.
Só
há o Tejo.
Só
há este,
o
rio sem nascente
nem
foz
quase
sem margens.
O
rio
que
se estende
imenso
além
e riba
Portugal.
Só
há um rio
em
mim
meu
amor.
Só
há o Tejo.
E
uma canoa
arrastando
a vela
pela
rasante da lezíria
até
Lisboa.
E
um cacilheiro
de
gente a transbordar
entre
duas margens
e
um voo de gaivota.
E
uma traineira
e
o mestre deste rio,
desaguando
em Lisboa
um
Tejo aqui, já quase mar.
Só
há um rio
em
mim
meu
amor,
Só
há o Tejo.
AntónioFMartins
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Amor com amor se apaga (Poemas acerca de tudo)
Amor
com amor se apaga
(Poemas
acerca de tudo)
Não
me dês mais amor, amor,
que
eu não quero, eu não mereço
este
amor que me dás e que apago
como
se apaga entre os dedos
a
chama frágil duma vela.
Não
me dês mais amor, amor,
que
eu não quero, eu não mereço.
Que
eu sou como um braseiro
ardendo
brando no meu peito
apagado
nas chamas da memória.
Não
me dês mais amor, amor,
que
eu não quero, eu não mereço
que
me ames, que me pagues
com
amor este amor que não existe
este
amor que com amor se apaga.
Não
me dês mais amor, amor,
que
eu não quero amor de ti,
que
eu não quero, eu não mereço
que
me pagues com amor
este
amor que com amor se apaga.
AntónioFMartins
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Ó asas dos meus sonhos (Poemas acerca de tudo)
Ó asas dos meus
sonhos
(Poemas acerca
de tudo)
Povoais os meu
sonhos noite a noite
adormecendo agarradas
nos meus sonos,
ó asas de todos
os ventos que eu conheço,
que daqui me
arrastais, da terra ao céu,
e do céu ao
infinito do tudo em mim,
já fora do longe
do meu próprio infinito.
Arrastai-me ó
asas, sem destino, como um louco
na loucura das
viajadas sombras siderais,
e envolvei-me
todo de longínqua negrura iluminada
como um menino cósmico
apontando da Terra uma estrela,
a mais viva e
trémula de todas as estrelas
que, encravada
na noite e na distância ou, talvez,
na ponta do seu
próprio dedo de criança
me leve para me
trazer de novo dos meus sonhos.
Os sonhos, ó
asas, que me povoais, noite a noite.
AntónioFMartins
sábado, 5 de dezembro de 2015
Alma de mar (Poemas do mar)
Alma de mar
(Poemas do mar)
Um poeta
deitou-se ao mar
e mergulhou na
iluminada escuridão
a procurar a
alma.
Talvez o
destino.
Um poeta subiu
do profundo mar
envolto em
corais e espuma branca
abraçado a um
peixe colorido
agarrando a alma
pela boca.
Um poeta
encontrou a alma
no fundo do mar.
AntónioFMartins
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Vem comigo, Paco (Poemas acerca de tudo)
Vem comigo, Paco
(Poemas acerca de tudo)
(Ao nosso povo, aos Conjurados Restauradores da independência)
Vem comigo, Paco
neste feriado que agora vamos restaurar,
abraçados, avenida a baixo.
Na Liberdade!
Vem ver a minha cidade,
o meu país na foz do nosso Tejo,
e um povo todo levantado nesta praça
onde, plena, desemboca a Liberdade.
Aqui, onde vão já esquecidos os ventos quentes
de Alcácer-Quibir, soprados das densas neblinas
das memórias de uma pátria então viúva
e de um Rei trancado nas miragens,
sempre tão distantes, sempre tão perto,
sempre tão aqui presentes em cada um de nós,
todos os dias imaginando D. Sebastião,
o Rei que em 1578 nos faltou ao reino,
entrando-nos, vindo de sul do Atlântico mar,
Tejo a cima, navegando até Lisboa.
Mas não, não voltou D. Sebastião.
Nunca voltou D. Sebastião
e então, um reino abandonado
abandonou-se a si mesmo,
dilacerado, ali em terras de Tomar,
nas Cortes da ignomínia, de 1581.
E nunca mais voltou Portugal a Portugal,
num desespero de sessenta anos.
Os sessenta anos mais negros
da memória da minha pátria, Paco.
E não é os teus que eu mais culpo.
É aquela gente, gente da minha gente,
os traidores que, como hoje por aí voltam
e que, como em renovadas Cortes de vergonha
dia a dia nos vendem, nos entregam
e nos tiram até um primeiro de Dezembro
que é da pátria o dia sagrado da pátria restaurada.
Mas, Paco, como outrora, não nos vergaram.
Porque nunca os traidores nos vergarão.
Vem comigo, Paco
neste feriado que agora vamos restaurar
abraçados, avenida a baixo.
Na Liberdade!
E talvez no final deste caminho
eu te mostre, ainda, a minha gente
entre os Conjurados no Paço da Ribeira
exultando Portugal reconquistado
e uma Duquesa de Mântua apavorada,
olhando o merecido destino dos traidores
num Vasconcelos ali defenestrado.
Vem comigo, Paco
neste feriado que agora vamos restaurar,
abraçados, avenida a baixo.
Na Liberdade!
Olha o meu povo, esta gente de 1143
e sente aqui os Restauradores de 1640,
e um Portugal que aqui nasceu já imortal
porque ao nascer, logo aqui se fez inteiro.
Aqui vês uma pátria que caída se ergueu, sempre mais forte
e vê como Castela se fez à força toda a Espanha
numa Espanha que de Castela hoje se aparta.
E Portugal, Paco, é ainda o Portugal que sempre foi.
Olha, Paco, a minha gente livre,
olha a minha pátria restaurada, Portugal aqui!
Vem comigo, Paco
neste feriado que agora vamos restaurar
abraçados, avenida a baixo.
Na Liberdade!
AntónioFMartins
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