Em "Poemas acerca de tudo", é mesmo de tudo e sobre tudo que escrevo. Os "Poemas da guerra" são da guerra. A que fiz e a que ficou em mim. "Escrevendo e desenhando por Lisboa" e "Escrevendo e desenhando pelo Porto", é a minha poesia escrita sobre os traços dos meus desenhos das cidades e das gentes das cidades. É esta a poesia que aqui partilho. A minha poesia. Nada mais que escrita, escrita no perto da alma e no longe do olhar. A minha poesia e o meu olhar.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
sábado, 24 de dezembro de 2016
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
Árvore de fogo
A partir desta espectacular imagem “descoberta" pela minha amiga Mônica Mencaroni, escrevi este poema
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
terça-feira, 29 de novembro de 2016
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
Poema XVII ”Anjas”
Poema XVII / XXIV para mais 12 das sublimes”Anjas”, desenhos do escultor Francisco Simões, meu prezado e fraterno amigo a quem agradeço e abraço.
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
terça-feira, 15 de novembro de 2016
sexta-feira, 11 de novembro de 2016
Ao Max (Maximino Teixeira) Amigo feito na guerra
Ao Max (Maximino Teixeira) Amigo feito na guerra
Agora
que o
destino se cumpriu
e as
batalhas se tombaram no ocaso
vou
jogando na cidade
um a
um os meus sonhos acabados
e os
delírios da febre colorida
das
terras distantes
em que
passei
como
se por lá nunca tivesse estado.
Mas
estive.
Estive
e conto
e não
paro os sonhos acabados
que
jogo um a um.
Nesta
cidade é viver
esperar
que devagar se cumpra
talvez
a própria cidade, quem sabe?
Lembras-te,
Max,
quando
me falavas dos stocks,
da
fábrica — era a Riopele, não era?
e do
lugar à tua espera
guardado
para ti, na volta.
Mas tu
não sabias bem das coisas
do
regresso.
Ninguém
sabia, Max.
“Se voltar, é para lá que volto”, dizias.
Tu não
falavas de cidades,
nem
dos delírios urbanos e impessoais
nem
das coisas que eu conhecia melhor.
Falavas-me
de fábricas e operários
e de
pequenas terras
para
mim perdidas lá pelo desconhecido norte.
E
tinhas a pronúncia e o verbo cantado
ao som
dos bês pelos vês.
E eu
era um puto da cidade
e tu
já homem feito
amassado
pela vida.
Lembras-te,
Max?
Lembras-te,
no mato?
Tinhas
tantos dias já no pêlo
e
muitas rações no buxo
e,
daquela vez ardias em febre.
Estoiraste
daquela vez!
Como
tu choravas
agarrado
ao helicóptero.
lembras-te
Max?
—Era a
tua alma não as tuas mãos —
Como
tu choravas a angústia
e tu
eras duro como rocha
e ali,
eu vi um homem partir o medo
sem
quebrar a alma.
Há
coisas bem terríveis
que a gente não
esquece, Max.
Foi um homem o que eu
vi em ti
ali agarrado às forças
todas
das forças do limite de
ti mesmo
que o mesmo é dizer:
Um homem ancorado na
coragem.
Há muito tempo que
escrevia
aos poucos, devagar,
este poema
e aos poucos cada
pedaço ia surgindo,
amadurecendo na árvore
serena
da amizade que tanto
nos unia.
Hoje, a tua Maria do
Rosário
— a Mariana como
carinhosamente
lhe gostavas de chamar
—
deu-me a notícia e eu
parei.
E senti que me parava o
mundo todo.
Eras o melhor de nós,
Max.
És o melhor de nós.
Espera-me, talvez na
parada,
perfilados diante das
nossas amizades.
Descansa agora.
Um beijo terno.
-->
António F. Martins
terça-feira, 1 de novembro de 2016
sábado, 29 de outubro de 2016
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
domingo, 23 de outubro de 2016
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Era aqui este país
Com um especial agradecimento à Helena Pato que na sua página do facebook publicou a imagem destas crianças da autoria do fotógrafo Artur Pastor, colhida no Alentejo na década de 1940 e integrada na sua série "Crianças". Sobre esta plangente imagem escrevi o poema que aqui vos deixo:
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
Já não somos sequer silêncio (poemas da guerra)
Já não
somos sequer silêncio
Mortos.
Todos
mortos.
Catorze
mil.
Deficientes.
Todos deficientes.
Todos deficientes.
Cento e
quarenta mil.
Neuróticos
de guerra.
Todos
neuróticos de guerra.
E tu não
dizes nada,
não te
indignas
e em
silêncio calas a revolta?
Oito mil
oitocentas e trinta e uma
vidas
acabadas no começo da vida
e tu não
dizes nada,
não te
indignas
e em
silêncio calas a revolta?
Catorze
mil vidas em pedaços
sem
pedaços de si, dos seus corpos
e tu não
dizes nada,
não te
indignas
e em
silêncio calas a revolta?
Cento e
quarenta mil almas
alma a
alma com a alma perdida,
um vago
olhar no olhar e uma guerra
que neles
nunca acabou
e tu não
dizes nada,
não te
indignas
e em
silêncio calas a revolta?
Não,
camarada, não foi esta a guerra
em que
lutamos
nem foi
esta a guerra em que perdemos
a vida, o
nome e a alma. A inocência.
Por nada!
Não,
camarada, não foi esta a história
que a
História quis para nós, soldados.
Não
camarada, nenhum de nós ali morreu,
nenhum de
nós ali caiu em pedaços,
nenhum de
nós aqui continua entre minas,
em
permanentes emboscadas,
dormindo
acordado pelas longas noites
ora frias
ora quentes da memória.
E agora
aqui, camaradas, é como se nunca
tivéssemos estado lá naquela guerra,
agora
aqui é como se ninguém nos visse,
como se
ninguém quisesse reparar em nós,
invisíveis,
como sombras perdidos
nas
sombras mais sombrias da História,
assim
como se a pátria, um dia
nunca nos
tivesse dito: Vai!
Oito mil
oitocentos e trinta e um.
Mortos.
Todos
mortos.
Catorze
mil.
Deficientes.
Todos deficientes.
Todos deficientes.
Cento e
quarenta mil.
Neuróticos
de guerra.
Todos
neuróticos de guerra.
E tu não
dizes nada,
não te
indignas
e em
silêncio calas a revolta.
António F. Martins
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