Uma singela homenagem a Asia Ramazan Antar,
mulher, mãe, soldado, curda, 22 anos. Morreu a combater pelo seu povo e pela
liberdade contra a brutal opressão e a odiosa tirania do Daesh, num qualquer
lugar junto à fronteira da Síria com a Turquia.
Asia
Um tiro, um estilhaço
e tu morreste ali, naquele lugar
quase em lugar nenhum
de todos os lugares assim
que há no teu mundo.
Na guerra.
Mas ali era o teu lugar,
o lugar que quiseste,
a tua pátria toda em cada palmo
de sombra da sombra
que naquela terra o sol te dava.
Um tiro, um estilhaço
e tu morreste ali, naquele lugar
a combater a besta, a própria morte
e a tua vida tanto tempo adiada
e a guerra e a pátria curda
tanto tempo adiada
e a morte e a morte e a morte
e tu ali, mulher, mãe, soldado, mulher
e naquela areia a terra toda do teu povo
na ponta firme duma espingarda
apontada à opressão, à tirania
pela mira certeira da coragem.
Da tua coragem, Asia.
E então, um tiro, um estilhaço
e tu morreste ali, naquele lugar.
Mulher, mãe, soldado, mulher,
coragem.
Um beijo.
António F. Martins
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