Balada para um regresso
Ao Mateus
(poemas da guerra)
Quando voltares, amigo,
estaremos todos
de pé à tua espera
num qualquer lugar
das nossas histórias,
talvez num qualquer lugar
daqueles lugares
que só em nós existem
e só em nós ficaram
como marca indelével
das nossas vidas de soldados.
Quando voltares, amigo,
estaremos todos
de pé à tua espera
como quem espera a sua vez
para voltarmos a caminhar juntos,
um atrás de cada um,
de armas aperradas
andando pelos silêncios
das silenciosas matas
que tanto percorreste
ou, lado a lado, em cada emboscada
que te preparou a guerra e a vida.
Quando voltares, amigo,
estaremos todos
de pé à tua espera
numa qualquer esquina
das ruas do Porto que pisavas
porque não foi só na guerra
que se perdeu a tua vida
foi, talvez, na tua própria vida
que perdeste a tua guerra.
Quando voltares, amigo
estaremos todos
de pé à tua espera.
À espera de nós todos, quem sabe.
Descansa agora.
Um beijo.
António F. Martins
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