quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A Praça da Figueira (Escrevendo e desenhando por Lisboa)

A Praça da Figueira
(Escrevendo e desenhando por Lisboa)


 Que observa há tanto tempo,
el-rei D. João I,
do alto do bronze do seu cavalo,
sem que no rosto
se lhe encontrem mudados,
nem olhares de espanto
nem sinais de enfado?

Será a castelhana gente
que em permanente invasão
por ali se vê, contra ele
disparando fotografias
como certeiras setas
de vilãos besteiros,
e alimentando com restos
requentados de tortilha
e pata negra os pombos,
que, aos milhares,
lhe vão sujando o traje
e a montada?

Aqui foi já o Hospital
de Todos-os-Santos
a quem nem um único dos ditos
salvou das demoníacas garras
da destruição de 1755.
Lá em cima, do alto da colina,
altaneiro, o Castelo de S. Jorge
observa atentamente
o movimento da praça e da cidade.

Já não há agora quem o tome de assalto
nem Martim Moniz quererá tornar à porta.

E a figueira,
que é feito da figueira?


AntónioFMartins

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