Olhando a minha
Alfama
(Escrevendo e
desenhando por Lisboa)
Nunca me cansa
o olhar
de olhar
vezes sem conta
a minha Alfama,
olhando
e vendo
sempre o mesmo,
tão diferente
a cada vez
que sobre ela
estendo o meu olhar.
Não se mudaram
os velhos telhados,
nem as casas
seculares,
nem as ruas nem as
árvores.
Nem os monumentos
e as igrejas daqui
se foram
porque é também
a mesma gente
que aqui mora,
esta gente
que já foi das
descobertas
e nunca achou
ou nunca quis achar
outro caminho
outro lugar.
Esta gente
que é do Tejo
e no Tejo
encontrou o mar
todos os dias
e por ele navegou
até à foz
como se nele
navegasse
ao mesmo tempo
todos os mares
que há no mundo.
Tudo o que vejo aqui
foi, casa a casa,
rua a rua,
monumento a
monumento,
igreja a igreja,
esta gente que
construiu.
Com as mesmas mãos
com que venceram
os alterosos mares,
edificaram
pedra a pedra
esta cidade,
a minha Alfama.
Nunca me cansa
o olhar,
de olhar
vezes sem conta
a minha Alfama,
o meu lugar.
AntónioFMartins
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