domingo, 28 de fevereiro de 2016

Marés de mim (Poemas do mar)

Marés de mim
(Poemas do mar)


Eu trago comigo as marés todas
chegadas do fim do mundo,
aqui espraiadas, vaga a vaga, 
na secura triste dos meus olhos.
As continentais marés vindas do longe,
das Áfricas, das Índias, dos Brasis,
das longínquas brisas oceânicas
sopradas em cada vela que, brancas,
de todos os mares e ventos 
aqui me chegam, carregando nelas
mares e continentes, o mundo todo,
o mundo achado e mais que o achado,
o mundo todo por achar.
Aqui, na areia das praias
e dos destinos que desvendo,
ou num promontório, de pé,
com o mar todo à minha frente
eu sou Portugal todo a navegar,
de velas cheias dos ventos da memória.

Eu trago comigo as marés todas
chegadas do fim do mundo.



António F. Martins

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