Balada do
mar Tirreno
(Poemas
do mar)
Perguntas-me,
sereia:
Serei a
sereia mais bonita
entre as
sereias, meu amor?
Mas eu
não te ouço
e não
respondo ao encanto do teu canto
e resisto
amarrado
aos
mastros fortes dos destinos.
E tu
perguntas-me de novo:
Serei a
sereia mais bonita
entre as
sereias, meu amor?
E eu que
não sei o que te diga
porque
não quero dizer o que queria,
nada te
digo
e
amarro-me mais aos mastros fortes
como se
não quisesse abraçar-me a ti.
E então
eu peço-te que não,
que não
me chames mais,
que me
deixes partir,
voltar ao
Tejo e à minha mãe
e invoco
Achelous e Terpsícore
e os meus
ouvidos que não ouvem
e o meu
corpo amarrado
aos
mastros fortes do destino.
E do teu
canto tão perdido já no vento
e no
longe da distância, eu já não sei se fiquei,
se parti,
onde estou, se é o mar, se é o vento,
se é a ti
que sem ouvir eu ouço ainda:
Serei a
sereia mais bonita
entre as
sereias, meu amor?
Diz-me
que sim
e eu
serei a sereia mais feliz.
António
F. Martins
Imagem: Mermaid swimming with a child de Amelia Bauerle)
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