domingo, 13 de março de 2016

Mar de Portugal (Poemas do mar)

Mar de Portugal
(Poemas do mar)


Não sei hei-de gostar de ti,
se hei-de temer-te, mar,
quando te sinto todo em fúria
a vires às minhas costas
e eu carregando sozinho o peso imenso
de trazer-te sempre comigo.

Há quase mil anos, mar!

E as tempestades, as bonanças,
as tragédias, as conquistas,
o longe, para além do longe
e as minhas gentes, uma pátria inteira
curtida no sol todo do teu sal.
E, de ti, nas redes, quase sempre só a fome,
quase sempre só as velas, os mastros,
caravelas e uma vaga perpétua que nos cobre
e de nós sai por entre os ventos, a ti voltando.
A ti voltando sempre, mar.

De Portugal.



António F. Martins

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