Neste dia do Pai, um poema que dedico ao Ivo e ao David, filhos queridíssimos e pequenos companheiros das nossas peregrinações familiares pelos campos do terror, lá longe. Com um beijo, que sabemos, eu e a vossa mãe, vos ficará, indelével como legado depositado na orientação que vos demos e que, certamente, ireis dar às vossas vidas e no entendimento que dela, acerca do verdadeiro significado de ser HOMEM sempre fareis. Um beijo do fundo da memória na vossa memória que é o bem mais precioso que vos deixamos e o mais digno e pesado lastro que um HOMEM pode ter.
Transmitam aos vossos filhos e aos filhos dos vossos filhos: Que nunca mais!
Um HOMEM
sobreviveu em Auschwitz
Um HOMEM
sobreviveu em Auschwitz
porque
lhe mataram a amada mulher,
os
queridíssimos filhos, os saudosos pais,
os
irmãos, um amigo e outro e outro e outro.
Um HOMEM
sobreviveu em Auschwitz
morrendo
acordado num sono profundo,
numa
caserna de madeira, frio e morte,
como que
naufragado num oceano de desgosto.
Um HOMEM
perguntou-se em Auschwitz:
O quê é
aqui?
O que
faço aqui ?
Porquê?
Porquê?
Deveria
um HOMEM, cada HOMEM, ter o seu Auschwitz
e
sobreviver?
Um HOMEM
sobreviveu em Auschwitz
porque
lhe mataram a própria raiz.
Um HOMEM
morreu, sobrevivendo em Auschwitz.
Um HOMEM,
estando, nunca esteve em Auschwitz.
Que
sabem, vocês, os que nunca estiveram em
em
Auschwitz?
Nenhum
Homem sobreviveu em Auschwitz.
António
F. Martins
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