Atira-me
ao vento
Atira-me,
meu amor, ao vento norte,
ao siroco,
ao sudoeste,
aos
ventos que mais sopram
em
Portugal, minha pátria inquieta,
sempre
ancorada nos destino de qualquer viagem
e dá-me
inteiro às nortadas frias
num
qualquer sonho de delírios acordados
ou
adormecido nos ventos quentes
e
deixa-me sozinho nas areias cálidas a norte do longe.
Arrastem-me
ventos que eu não tenho velas,
sou todo
quilha e mastros nus, uma nau feita tempo.
Abraça-me
depois nos oceanos todos, exuberante,
que eu
sou Portugal e vou com qualquer vento.
Atira-me,
meu amor, ao vento.
António
F. Martins
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