domingo, 22 de maio de 2016

Atira-me ao vento

Atira-me ao vento



Atira-me, meu amor, ao vento norte,
ao siroco, ao sudoeste,
aos ventos que mais sopram
em Portugal, minha pátria inquieta,
sempre ancorada nos destino de qualquer viagem
e dá-me inteiro às nortadas frias
num qualquer sonho de delírios acordados
ou adormecido nos ventos quentes
e deixa-me sozinho nas areias cálidas a norte do longe.

Arrastem-me ventos que eu não tenho velas,
sou todo quilha e mastros nus, uma nau feita tempo.
Abraça-me depois nos oceanos todos, exuberante,
que eu sou Portugal e vou com qualquer vento.

Atira-me, meu amor, ao vento.


António F. Martins


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