sexta-feira, 27 de maio de 2016

Não glifosatarás!

Contra esse perigosíssimo químico que é o glifosato, aqui vos deixo, talvez, digamos, de forma “ligeiramente” patética... (mas não apatetada) o meu contributo de vigoroso protesto. Claro que, a brincar a brincar é mesmo para levar a sério...




 Não glifosatarás


 Ó miserável glifosato,
ó sombrio e tenebroso assassino
dos pequenos habitantes das ervas,
os inofensivos infestantes, as malinas
e os campestres parasitas.
Ó tentador néctar mortal, definitivo,
que me embebedas — cego e insensível,
o trigo e o joio, o cardo, a cavalinha,
a Polygonaceae japonesa, a urtiga,
o panasco, o senécio, a ançarinha.

Ó miserável glifosato,
ó sombrio assassino de Monsanto
(Onde agora, dizem, já não se plantam meninas,
nem por ali se vê já crescer o pepino e o marmelo)
Ó tu que me atormentas a horta e o montado,
o regadio e o sequeiro, em todo o lado.

Vou deixar-te de vez, glifosato
e, de novo, dobrado ou de joelhos,
vou cuidar  com as próprias mãos
que nasçam sãos os grelos e tomates por aqui.



António F. Martins

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