À minha
mãe, Celeste
Adormecendo
em ti, mãe
Mãe, eu,
às vezes, muitas vezes, ainda tenho medo.
Muito
medo, minha mãe.
Às vezes,
muitas vezes, nas noites do meu quarto,
eu acordo
no silêncio dos silêncios e, num grito,
chamo:
Mãe!
Às vezes
tenho medo, mãe.
Um medo
que não sendo já do escuro,
me lembra
ainda um suave lençol tão perfumado
em que,
quieto e ausente da noite, me escondia
do medo
do medo de ficar sozinho,
do medo
do medo de chamar por ti
e tu não
estares no quarto ao lado.
Mãe, eu
já não tenho medo do escuro.
Eu só
tenho medo, agora, de ter medo.
talvez o
medo que nem toda a claridade
apaga
ainda em mim:
O medo de
olhar-te o rosto e não ver o teu sorriso,
de te
querer comigo e estares ausente.
E então,
de dentro dum lençol suave e perfumado,
saio do
medo e parece que volto, pequenino,
à minha
infância e ao teu colo, minha mãe.
De novo
ao teu colo.
Aninho-me
em ti , dou-te um beijo, acaricio-te as mãos
e
adormeço em ti.
António
F. Martins
1Maio2016
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