quarta-feira, 8 de julho de 2015

Da margem sul. Lisboa e o Tejo (Escrevendo e desenhando por Lisboa)


Da margem sul. Lisboa e o Tejo
(Escrevendo e desenhando por Lisboa)


Vindo de Cacilhas,
subo ao miradouro de Almada
e olho o deslumbramento
"com olhos de ver"
como diria Almada,
o Mestre
Almada Negreiros.

Um velho cacilheiro
rasgando em espuma
o rio Tejo,
trouxe-me, envolto
nas neblinas da manhã
e no constante pimpilar
de um bando de gaivotas,
de Lisboa à outra margem.

A margem do sul.

A margem
onde começa
o resto de Portugal
que o Tejo aqui aparta.
A margem que ao sul
dos nossos mares
já não nos leva
a navegar por outros mares,
margens distantes
dos distantes fumos
dos impérios.

Daqui,
saímos agora
para um mar
de que não voltamos mais.
E já não subimos os tejos
nem as latinas
velas brancas
dos contrários ventos
voltam a bolinar chegadas.

Lisboa desce sempre
para o Tejo
e, parte dela,
vai sempre com o Tejo
para o mar.


AntonioFMartins


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