Das
Portas do Sol vejo Alfama
(Escrevendo
e desenhando por Lisboa)
Cá
vai subindo,
manhã
cedo o 28,
em
suaves
ziguezagues,
chiando
baixinho
nos
carris
a
caminho da Graça,
lá
em cima.
(De
lá vê-se a foz e o mar).
Eu
vou a pé, devagar.
Da
Sé, passei já o Aljube
e
o Limoeiro,
Augusto
Rosa, rua acima.
As
Portas do Sol
já
estarão abertas
e
então,
eu
vou sentar-me ali
e,
por instantes,
sentir
que voo,
que
pairo sobre Alfama.
Será
que o que vejo
é
ainda a minha Alfama,
será
que ainda sei
onde
nasci?
Vou
deixar-me
adormecer
aqui,
neste
banco
sobranceiro
ao casario,
até
que uma brisa da barra
me
arraste das mãos o jornal
e
o faça voar sobre os telhados,
quem
sabe até ao Tejo.
Quem
sabe, lá longe
até
à foz, no mar.
E
há um repetido
chiar
baixinho
do
28 nos carris
que
não passa
e
que me embala
e
me transporta
o
sonho e o voo,
no
meu próprio sonho,
no
meu próprio voo.
São
os telhados e o Tejo.
AntónioFMartins
Sem comentários:
Enviar um comentário