Anda ver a minha rua
(Escrevendo e desenhando por Lisboa)
Vamos sair na
próxima,
meu amor.
Estamos em Alfama.
Anda ver a rua onde
eu nasci ,
encostadinha à Sé,
a rua do Barão.
Ainda ouço por aqui
o sereno toque dos
sinos
marcando o tempo das
horas
e, à tardinha,
o tempo da volta das
gentes
e das trindades.
E, então,
relembro-me,
envolto em brancos
lençóis
de ternura e muitos
sonhos,
de apertar,
pequenino,
a mão suave
e firme de minha mãe
e, adormecendo,
voar como gaivota
até ao Tejo, lá em
baixo,
pousando na proa
direita
de uma fragata.
Anda, amor,
vamos descer
a rua onde nasci,
vou mostrar-te a
igreja
de S. João da Praça.
Foi aqui o meu
baptismo.
As pessoas,
como tantas vezes
digo,
são como as árvores,
quanto mais a sua
copa se afasta da terra
mais as suas raízes
nela se entranham.
Ainda, vamos à Sé e a
Santo António,
meu amor.
Anda.
AntónioFMartins
Sem comentários:
Enviar um comentário