Agora, de vez
Nesta longa praia
estendida por ti mesma
procuro o teu nome
entre pedaços de espuma e
raiva
e no bramir das ondas que vêm,
partem e em mim ficam.
Procuro o teu nome,
a razão porque és sossego
e eu sou mar,
a razão porque és o mastro
e eu sou a vela
e tu és tempestade
e o alteroso
e eu sou a areia frágil
que em cada onda
a ti regressa.
A razão dentro de ti razão,
a razão que embarca
em cada um.
Às vezes, em ti,
dou com um barco
a navegar bolinas
por entre ventos contrários
e ondas de través
a correr veloz
dentro do peito de um homem.
Às vezes, dou com um barco,
com um cais, uma foz,
e um mar com muitos barcos
que desembocam
em tantas alamedas.
Em ti.
Nesta longa praia
estendida por ti mesma
dentro de ti encontro tanta
vez
a força que precisa a vela
deste barco que também eu sou.
A força que do cimo das marés
entra poderosa rio a dentro
levando, imparável, todo o mar
da foz quase à nascente.
Não sei que força tens ao
certo
nem é certo que saiba de onde
vens
mas sei que neste longo areal
que no teu corpo
suavemente se estende
e em que todo o mar se
espraia,
não se chama vaga a uma onda
nem uma onda morre nele.
Nesta longa praia
estendida por ti mesma,
agora, de vez.
AntónioFMartins
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