Daqui
Deixaste-me
assim
agarrado
ao mar,
à
terra,
ao
tempo.
E
eu, sem saber
se
sou mais mar
se
sou mais terra
se
mais tempo,
fiquei
por aqui
como
uma rocha,
preso
a uma falésia
no
sopé de um monte
e
na lonjura
do
espaço e do plano.
Ao
vento.
Às
vezes,
um
homem
é
como uma nação.
Às
vezes
um
homem
é
a sua própria nação
e
enterra-se nela
como
se enterra a árvore,
com
as raízes inteiras
terra
profunda a dentro
e
então cresce,
ramifica
e volta a crescer
da
terra, mais à frente,
em
todo o lado, no seu chão.
Eu
sei-me aqui,
conheço-me
aqui
neste
lugar
de
atlântica pedra,
de
aquém e além tejos,
de
douros a correrem doces
nos
copos desta saudade
às
vezes tão amarga.
Às
vezes, tão só saudade.
É
esta a terra de que eu sei,
a
terra e o lugar que eu não escolhi
mas
de onde não saio.
Esta
é a terra de ficar,
esta
é a terra onde nasci.
AntónioFMartins
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