sábado, 27 de junho de 2015

Mostra-me o mar (Escrevendo acerca de tudo)

Mostra-me o mar
(Escrevendo acerca de tudo)

Mostra-me o mar todo
no mar largo
dos teus olhos.
E eu levo-te,
sereia,
na vela cheia
do meu barco,
mesmo que,
caído o vento,
não sopre
nem a brisa
que, suave,
aos teus cabelos
sempre chega,
vinda da bruma
e das manhãs
distantes.

Não, não me amarres
aos mastros da viagem
e canta.

Eu quero que cantes.

É o teu canto que eu quero,
sereia,
que eu não quero
naufragar
no mar salgado
dos teus olhos
transbordando
numa lágrima
todo o mar
para o meu peito.

Mostra-me o mar todo
no mar profundo
dos teus olhos.
E eu levo-te,
sereia,
sobre as ondas
cavadas
no meu corpo
e, enredado em ti,
morrerei adormecido
num profundo sono
ou num qualquer sonho
de um atlântico
entardecer.

Mostra-me o mar todo
no mar largo
dos teus olhos.
Leva-me.



AntónioFMartins

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