Leva-me ao Maio
Leva-me contigo
ao Maio.
Leva-me contigo,
num abraço, de
mão dada.
Leva-me contigo
ao Maio
e entoarei para
ti, uma a uma,
as suas
cantigas. As do Maio.
Que eu não quero
ir sozinho
pelas ruas, as
avenidas,
de lugar em
lugar,
por entre os
prédios,
calcorreando as
calçadas
pela cidade.
(Perdido na
cidade, sozinho,
eu sinto-os
pousar.
E é isso, vêm em
bandos.
Cheiro-lhes o
cheiro a sangue)
Leva-me contigo
ao Maio.
É que eu, meu
amor, já não sei
nem do tempo, nem
da memória
destes Maios, destes maduros Maios
saindo de um
Abril que aqui tão perto,
tão longe parece
já.
E hoje, 1 de Maio
de 2015,
pelas ruas, as
avenidas,
de lugar em
lugar,
nas calçadas,
por entre os prédios,
eu vejo um chão
que é de medo
e só ouço gritos,
muitos gritos
como que vindos,
quem sabe,
de uma abafada
noite
a querer de novo despontar.
Leva-me contigo
ao Maio.
Leva-me contigo,
num abraço, de
mão dada.
É que eu sinto
aqui uma cidade triste,
um céu cinzento,
sob um astro mudo
e vejo tantas
portas franqueadas,
meu amor.
E tenho medo.
Leva-me contigo
ao Maio.
AntónioFMartins
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