segunda-feira, 29 de junho de 2015

Portas do Sol de Lisboa (Escrevendo e desenhando por Lisboa)


Portas do Sol de Lisboa
(Escrevendo e desenhando por Lisboa)


Apeei-me do “28” ali atrás.

No lugar mais vistoso da cidade,
nas Portas do Sol como janela
que em Lisboa se abre
par em par sobre Lisboa,
nesta Lisboa que em Lisboa
é só Tejo, é só Alfama
e que nos leva, espraiado no olhar
sobre os telhados e as casas
que entram como um barco
Tejo a dentro, lá em baixo.

Agora vou o resto a pé.

Estendo de novo o meu olhar
pelo casario a mergulhar no Tejo
e desço, degrau a degrau
a Norberto Araújo
e, com o coração acelerado,
não sei se da descida
se da ânsia de chegar,
ali estou em plena Alfama.

Que é como quem diz:
no coração de Alfama.

Em Alfama
estamos sempre no coração de tudo
porque Alfama é toda ela o coração.
De tudo!

Sentar-me-ei numa qualquer taberna
quando estiver cansado,
talvez a ouvir vadio o fado de quem passa
e uma guitarra, plangente, num acorde
que me acorde os pensamentos
e me faça, amor, lembrar de ti.

Tu hás-de passar, eu si.
Por aqui, no fim da tarde.

E então, os dois, subiremos de novo
até às Portas do Sol
e, esperando o seu ocaso,
fechá-las-emos suavemente,
não vá o sol, numa réstia de luz
querer prender-se nelas.

Fecharemos então, ali, o nosso dia.

Amanhã, neste lugar, eu espero por ti.
De novo.


AntónioFMartins



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