Portas do Sol de Lisboa
(Escrevendo e
desenhando por Lisboa)
Apeei-me do “28”
ali atrás.
No lugar mais
vistoso da cidade,
nas Portas do
Sol como janela
que em Lisboa se
abre
par em par sobre
Lisboa,
nesta Lisboa que
em Lisboa
é só Tejo, é só
Alfama
e que nos leva,
espraiado no olhar
sobre os
telhados e as casas
que entram como
um barco
Tejo a dentro,
lá em baixo.
Agora vou o
resto a pé.
Estendo de novo
o meu olhar
pelo casario a
mergulhar no Tejo
e desço, degrau
a degrau
a Norberto
Araújo
e, com o coração
acelerado,
não sei se da
descida
se da ânsia de
chegar,
ali estou em
plena Alfama.
Que é como quem
diz:
no coração de
Alfama.
Em Alfama
estamos sempre
no coração de tudo
porque Alfama é
toda ela o coração.
De tudo!
Sentar-me-ei
numa qualquer taberna
quando estiver
cansado,
talvez a ouvir
vadio o fado de quem passa
e uma guitarra,
plangente, num acorde
que me acorde os
pensamentos
e me faça, amor,
lembrar de ti.
Tu hás-de
passar, eu si.
Por aqui, no fim
da tarde.
E então, os
dois, subiremos de novo
até às Portas do
Sol
e, esperando o
seu ocaso,
fechá-las-emos
suavemente,
não vá o sol,
numa réstia de luz
querer
prender-se nelas.
Fecharemos
então, ali, o nosso dia.
Amanhã, neste
lugar, eu espero por ti.
De novo.
AntónioFMartins
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