Praça do Rossio
(Escrevendo e
desenhando por Lisboa)
“...Na pátria
dos poetas em Rossio triste...” (Manuel Alegre)
Eu regresso
sempre
ao profundo da
cidade,
eu gosto de
regressar
ao profundo da
cidade,
ao mais profundo
que Lisboa tem
e que eu
encontro
no cimo de uma
colina
empinada sobre o
Tejo,
ou no mar chão
sereno e plano
da baixa
pombalina
que é como quem
diz:
no chão sereno
e plano da
Lisboa
mais velha de
Lisboa.
Chego cansado
ao Rossio
e já por aqui
não vejo
nem o Alegre nem
o Cília,
já por aqui não
passam
os poetas e os
cantores
do meu país
e sinto-me
também
eu triste
em Rossios
tristes.
E, então,
baixinho,
arrisco só para
mim:
Quando
desembarcarmos no Rossio canção / vão dizer que a rua não é um rio /
vão
apresar o teu navio / carregado de vento carregado de pão /
Dirão que trazes
tempestades / Dirão que vens de espada em riste /
Dirão que foi sangue o vinho
que pediste /Quando desembarcarmos
no Rossio /Vão vestir-te
com grades / Que é um vestido para todas as idades /
Na pátria dos poetas
em Rossio triste (...)
(Excerto de
poema de Manuel Alegre musicado e cantado por Luís Cília)
AntónioFMartins
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