sábado, 27 de junho de 2015

Praça do Rossio (Escrevendo e desenhando por Lisboa)


Praça do Rossio
(Escrevendo e desenhando por Lisboa)
“...Na pátria dos poetas em Rossio triste...” (Manuel Alegre)

Eu regresso sempre
ao profundo da cidade,
eu gosto de regressar
ao profundo da cidade,
ao mais profundo
que Lisboa tem
e que eu encontro
no cimo de uma colina
empinada sobre o Tejo,
ou no mar chão
sereno e plano
da baixa pombalina
que é como quem diz:
no chão sereno
e plano da Lisboa
mais velha de Lisboa.

Chego cansado
ao Rossio
e já por aqui não vejo
nem o Alegre nem o Cília,
já por aqui não passam
os poetas e os cantores
do meu país
e sinto-me também
eu triste
em Rossios tristes.
E, então, baixinho,
arrisco só para mim:

Quando desembarcarmos no Rossio canção / vão dizer que a rua não é um rio / 
vão apresar o teu navio / carregado de vento carregado de pão /
Dirão que trazes tempestades / Dirão que vens de espada em riste /
Dirão que foi sangue o vinho que pediste /Quando desembarcarmos 
no Rossio /Vão vestir-te com grades / Que é um vestido para todas as idades /  
Na pátria dos poetas em Rossio triste (...)
(Excerto de poema de Manuel Alegre musicado e cantado por Luís Cília)

AntónioFMartins


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