Cavalito de Natal
(Ao menino Jesus
e aos meus pais)
(Escrevendo
acerca de tudo)
Há muitos anos
quando eu era
menino
não havia Pai
Natal.
Era Jesus.
O Menino Jesus.
O Menino Jesus
e os meus
grandes olhos
de espanto e de
menino
e uns sapatos de
verniz
a brilhar na
chaminé
com flocos de
branco algodão
caindo da pedra
e, no quarto,
recolhido e
ansioso,
um coração
pequenino
a pulsar de
excitação
à espera do
momento
em que o Menino,
numa suave
aparição
ali deixasse,
quem sabe,
aquele cavalito
de cartão
e dos meus
sonhos.
Há muitos anos
quando eu era
menino
não havia Pai
Natal.
Era Jesus.
O menino Jesus
e os meus pais
que eram os pais
de todo o ano
e do Natal.
Não havia
Coca-Cola
no meu tempo de
menino
e eram estreitas
as chaminés
para tão grandes
barrigas.
Numa noite de
Natal,
nessa noite de
Natal
ou eu estava
mais atento
ou o Menino
Jesus
fez de propósito
e eu ouvi, vindo
da cozinha,
assim como que
um suave e
distante urgido.
Estava ali
o Natal todo à
minha espera.
Eu acho que
ainda vi
uns pezitos
pequeninos
subindo pela
chaminé
até ao céu.
Mas, num
irradiante gesto de carinho,
ali, segurando
um cavalito de cartão
estavam os meus pais
e neles eu vi,
como num
presépio
o Natal todo
a sair das suas
mãos.
Era noite de
Natal.
Era o Menino
Jesus.
E os meus Pais.
E o meu Natal.
AntónioFMartins
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