domingo, 23 de agosto de 2015

A riscar (Poemas acerca de tudo)

A riscar


Era a manhã,
aquela manhã
como outras manhãs
de empunhar os lápis,
de enfrentar os traços negros
fazendo deles negros riscos
e dos riscos a coragem
de atacar com tinta negra
o branco imaculado do papel.

Só isso.

Era a manhã,
aquela manhã
diferente das outras manhãs,
uma manhã em que o papel
se fez ardósia em lasca, pedra.
E então, os traços foram fogo
e os riscos foram de ódio.
Foram isso,
foram ódio.

Só isso.


AntónioFMartins

Sem comentários: