Ali, às Belas Artes
((Escrevendo e
desenhando por Lisboa)
É aqui,
onde quase toco
o Chiado
que eu vou sair
da matinal
pachorra
do eléctrico
que se arrasta
de colina em
colina
pela cidade.
Talvez
nem espere pela
paragem
um pouco mais
adiante
e saia mesmo
em andamento.
Uma corrida
e entro
esfalfado,
um pouco mais acima,
em Belas Artes.
Todos os
relógios
me apontam
firmes
os ponteiros
e me gritam o
atraso.
Um minuto mais
e estarei
sentado
em frente ao
cavalete,
a olhar talvez
um engessado
Herodes Agripa
e a riscá-lo a
carvão
numa qualquer
folha branca
de papel Vergé .
Aqui,
onde já foi
lugar do divino
— o Convento de
São Francisco
que o terramoto
de 1755
sacrilegamente
arrasou,
é, desde 1836
ainda o divino
que por cá se
mantém,
traduzido desde
então
na magnífica
ensinança
das mais belas
das Belas
Artes.
Logo, o
eléctrico,
pachorrento,
vai levar-me de
novo.
Por agora,
Agripa, muito
branco,
do alto do seu
engessado olhar,
enfastiado,
pede-me que
continue
o meu desenho.
AntónioFMartins
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