segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Da liberdade (Poemas acerca de tudo)

Da liberdade
(Poemas acerca de tudo)

Começam em ti 
e nos promontórios
em que bravas
as ondas morrem,
desfazendo-se 
numa triste agonia, 
em branca 
e dolorosa espuma,
as grades todas
que há tanto te aprisionam,
meu país.

Mas um dia
acontecerá
que em ti se espraiarão 
revoltos e incontidos 
os mares e as vagas
que vindas de muito longe,
há muito dormem, 
perto de ti.

E sobre ti correrão 
os ventos fortes
de todas as direcções
de onde sopram os ventos, 
a paz e a liberdade.

E esses mares 
e esses ventos
derrubarão 
com suave fúria
as fortes grades 
que há tanto tempo
te aprisionam 
em celas imensas
do tamanho de um país
em sofrimento.

Venham então à terra 
o alteroso mar 
e os ventos fortes 
e que, 
quebrando-se  em ti,
no triunfal dia 
da ansiada liberdade,
se quebrem 
as cruéis grilhetas
que te aprisionam, 
meu país.

Que venham.

AntónioFMartins

1973

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