Rabelo
Douro vinhateiro
(Escrevendo e
desenhando pelo Porto)
Traço a traço,
traço as pedras
deste Porto,
uma a uma
e uma sobre a
outra,
sustentadas
pelas fortes
correntes
de um Douro
a caminho da foz
ou empurrado
pelas marés
chegadas do mar.
E é neste Douro,
já só rio, já só
margens,
que daqui a
pouco,
serenamente,
irei olhar um
velho rabelo
a largar do cais
de Gaia,
ufano no seu
porte,
vela quadrada ao
vento,
rangendo madeira
e ferro
a um só tempo,
entre encostas e
vinhedos,
subindo rio
acima.
Vai rabelo,
daqui ao Alto
Douro,
navegando pela
mão firme do feitor
que, de pé
chamando o vento,
na popa manobra
o olhar e a espadela.
Não vá a
calmaria pousar nas tuas velas
às margens reclamando
ajuda
a quem, sem
vento te arraste à força bruta
por paralelos
caminhos de sirga.
Vai rabelo
e que o vento te
encha a vela
e o vinho te
encha os cascos.
Vai rabelo.
É preciso ir
apanhar do Porto, o vinho,
ao Douro, no
Douro mais acima.
E as cepas ainda
estão tão longe.
AntónioFMartins
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