quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Da liberdade (Adivinhando um qualquer Abril) Poemas da guerra

Da liberdade
(Adivinhando um qualquer Abril)
Moçambique, Niassa, 1973



Começam em ti
as grades todas
que há tanto aprisionam
o meu país.
E nos promontórios
em que bravas,
as ondas morrem
desfazendo-se
numa triste agonia,
em branca
e dolorosa espuma.

Mas um dia,
em ti se espraiarão
revoltos e incontidos
os mares e as vagas
que vindas de muito longe,
há muito dormem,
perto de ti.

E sobre ti correrão
os ventos fortes
de todas as direcções
de onde sopram os ventos,
a paz e a liberdade.

E esses mares
e esses ventos
derrubarão
com suave fúria
as fortes grades
que há tanto tempo
te aprisionam
em celas imensas.
Do tamanho de um país
em sofrimento.

Venham então à terra
o alteroso mar
e os ventos fortes
e que,
quebrando-se  em ti,
num triunfal dia
de ansiada liberdade,
se quebrem
as cruéis grilhetas
que te aprisionam,
meu país.

Que venham.



AntónioFMartins

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