Da liberdade
(Adivinhando um qualquer
Abril)
Moçambique, Niassa, 1973
Começam em ti
as grades todas
que há tanto aprisionam
o meu país.
E nos promontórios
em que bravas,
as ondas morrem
desfazendo-se
numa triste agonia,
em branca
e dolorosa espuma.
Mas um dia,
em ti se espraiarão
revoltos e incontidos
os mares e as vagas
que vindas de muito longe,
há muito dormem,
perto de ti.
E sobre ti correrão
os ventos fortes
de todas as direcções
de onde sopram os ventos,
a paz e a liberdade.
E esses mares
e esses ventos
derrubarão
com suave fúria
as fortes grades
que há tanto tempo
te aprisionam
em celas imensas.
Do tamanho de um país
em sofrimento.
Venham então à terra
o alteroso mar
e os ventos fortes
e que,
quebrando-se em ti,
num triunfal dia
de ansiada liberdade,
se quebrem
as cruéis grilhetas
que te aprisionam,
meu país.
Que venham.
AntónioFMartins
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