domingo, 23 de agosto de 2015

Noite de mim (Poemas acerca de tudo)

Noite de mim


Já viste, António,
já viste?
Sei por que não queres olhar,
sei.
Não é medo, António
não é medo, és tu.

És tu, António,
compreendes?
És tu.

Ainda não viste nada,
António
e a noite está tão escura.
Não sei onde estás.
Onde estás
António?
Não viste a noite
e a noite acendeu-se
e perdeu-se em ti.

Ainda não viste nada,
António
e o vento do norte,
frio
leva-te os pensamentos
e fustiga-te a alma
e tu não viste nada,
António.

Ainda não viste nada,
António
e tu tens medo,
agora é medo, António.
Frio e medo,
muito medo
e o vento
fecha-te os olhos.

Ainda não viste nada
António.
Não é medo,
és tu, António.
A noite,
eu sei.


AntónioFMartins

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