sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Da Conceição, o “28” (Escrevendo e desenhando por Lisboa)

Da Conceição, o “28”
(Escrevendo e desenhando por Lisboa)


A rua da Conceição
atravessa recta
e plana,
a da Prata,
a do Ouro
e a dos Fanqueiros
antes de subir
até ao Largo
da Madalena,
onde,
por esta abençoada
se entrega,
ladina,
toda a Santo António
e, pela sua rua acima,
se deixa levar
com ele de braço dado
até à Sé,
para ouvir Alfama
chamar por ela
e por aí ficar,
até que a Baixa
a chame de volta
ao seu lugar.

Às vezes,
cansada do bulício,
manda por si
o eléctrico,
o “28” que,
atrevido,
então se faz aos carris
ainda com mais orgulho
do seu chiar
e do amarelo reluzente
e vai, por aí a cima,
perdido de vaidade
até à Graça,
voando colina abaixo
até ao Martim Moniz
onde descansa
e, dizem,
namora um pouco
com a Mouraria
antes da volta.

Que disto não saibam
a Conceição e a Madalena.


AntonioFMartins

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